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sábado, 9 de outubro de 2010

Comer, Orar, Amar


Fui ver o Comer, Orar, Amar com alguma curiosidade. Será que o Orar (que surpreendentemente, não foi traduzido para Rezar) era sobre a oração que os cristãos conhecem e praticam? (eu pensava que havia boas probabilidades, já que o enredo é baseado numa história real) E o Amar, qual era o tipo? E... Comer?!
O filme é sobre uma ecritora, Liz Gilbert, que se vê entalada no seu casamento esgotado e sem esperança, e presa a uma apatia crescente. Com o divórcio em marcha, Liz estabelece um plano a três tempos, uma espécie de jornada espiritual, para recuperar a alegria de viver. Comer em Itália, 'espiritualizar' na Índia, e conclusão em Bali, Indonésia.
E afinal, ela orou mesmo? Uma vez, no pico da seu sofrimento com o casamento, em que desnorteada e quebrantada, em lágrimas, confessa a Deus que se sente perdida, não sabe o que fazer, e que anseia uma resposta. Eventualmente, ela parece receber uma, e é a partir daí que ela dá a guinada que a sua vida precisava. Depois disso, tudo é procura de auto-satisfação, auto-ajuda, espiritualiade oriental, bem-estar. Liz não se converte a nada. A sua experiência espiritual só lhe proporcionou as ferramentas para atingir mais eficientemente aquilo (a mundanidade) que sempre desejou – bem-estar e um relacionamento com um homem.
Penso que também devemos ser críticos com o detalhe importante de todas estas coisas acontecerem em férias, e não na rotina do dia-a-dia. Momentos de interrupção são essenciais para poder pensar no que é importante afastando o assessório, para descansar, para reparar nos pormenores, para dedicar a Deus um tempo mais generoso nossa devoção por Ele. No entanto, o que acontece nestas interrupções deve de alguma forma estender-se aos tempos mais rotineiros, ou terão sido apenas tempos de escape. E este filme pode passar a ideia de que um tempo de escape pode ser uma forma de solucionar problemas. E no caso de Liz, o que aconteceu no regresso a casa, o essencial da questão, fica em aberto para o espectador.
Este filme é o nosso tempo. É isto que todos pensam e/ou fazem. Em termos de media, é isto que Oprah Winfrey apoia. É importante estarmos minimamente a par, e sabermos o que diríamos a Liz Gilbert.

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