No diálogo dos cristãos com não-cristãos, frequentemente o ruído surge porque o lado cristão parece esquecer que Deus nos exige uma ética que não pode ser suspensa em momento algum. Tenho para mim que o debate entre Thomas Huxley e Samuel Wilberforce em 1860, é um exemplo com o qual pouco se aprendeu. Este debate, que aconteceu no ano a seguir à edição de “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, opôs evolucionismo e criacionismo, duas perspectivas que eram consideradas naturalmente antagónicas. Samuel Wilberforce defende a posição supostamente bíblica, mas falta ao respeito do seu adversário de debate e foge ao cerne da questão com comentários jocosos, certamente mais atractivos para quem ouvia. Thomas Huxley defende a posição supostamente herética, mas é respeitoso para com o adversário, e quando este deturpa o debate, Huxley denuncia o disparate em curso, acusando as motivações superficiais de Wilberforce.
É fácil perceber qual dos dois estás mais próximo de uma ética cristã, e igualmente fácil perceber qual está mais afastado. Este péssimo testemunho cristão, da superficialidade, da agressividade, do imediato, vai contra tudo o que encontramos na Bíblia sobre o que Deus quer em nós. Infelizmente, esta atitude mantém até aos nossos dias, mesmo que a posição supostamente cristã sobre as origens seja agora minoritária.
Dois textos vêm à memória, I Pedro 3:15, que transcrevo para aqui numa tradução pessoal da The Message, e o confronto de Jeremias com Ananias, que estudaremos numa das nossas reuniões de estudo bíblico.
“Estejam prontos para tomar a palavra e falar a qualquer pessoa que pergunte a razão de viverem da forma que vivem, e sempre com a maior cortesia. Mantenham uma consciência transparente diante de Deus para que quando as pessoas vos atirarem lama, nenhuma vos fique agarrada. Eles acabarão por perceber que são eles quem precisa de um banho.”
É fácil perceber qual dos dois estás mais próximo de uma ética cristã, e igualmente fácil perceber qual está mais afastado. Este péssimo testemunho cristão, da superficialidade, da agressividade, do imediato, vai contra tudo o que encontramos na Bíblia sobre o que Deus quer em nós. Infelizmente, esta atitude mantém até aos nossos dias, mesmo que a posição supostamente cristã sobre as origens seja agora minoritária.
Dois textos vêm à memória, I Pedro 3:15, que transcrevo para aqui numa tradução pessoal da The Message, e o confronto de Jeremias com Ananias, que estudaremos numa das nossas reuniões de estudo bíblico.
“Estejam prontos para tomar a palavra e falar a qualquer pessoa que pergunte a razão de viverem da forma que vivem, e sempre com a maior cortesia. Mantenham uma consciência transparente diante de Deus para que quando as pessoas vos atirarem lama, nenhuma vos fique agarrada. Eles acabarão por perceber que são eles quem precisa de um banho.”
Penso ainda se Jesus estivesse presente no tal debate, e em todos os outros que se seguiram, com qual dos lados se identificaria. Falo de Jesus, o que foi injustamente acusado e sozinho, troçado pela maioria.
Nada do que possamos dizer ou fazer vai modificar a inexorável Verdade que Deus é e que nos deixou expressa na Bíblia. Mas a continuar assim, bem podemos berrar que não seremos ouvidos.
Comeco por dizer que concordo que devemos ser cordiais ao apresentarmos as nossas conviccoes.
ResponderEliminarNo entanto, as posicoes inverteram-se desde o debate entre Wilberforce e Huxley. Hoje em dia, a maioria nao e quem defende a interpretacao literal da Biblia mas sim quem defende a relativizacao da mesma.
Devemos ter cuidado, sim, em como expomos a nossa opiniao mas nao acho que devamos relativizar a Biblia como palavra de Deus so porque a maioria diz que e' assim e entao devemos conformar-nos para nao causar polemica. O link para o debate que aqui "postaste" e' um exemplo tipico do mesmo, em que a igreja vem a correr tentar conciliar a Biblia com o que os cientistas pensam que decobriram quase que na necessidade de implorar ao publico que nao se vire para a ciencia deixando a Biblia porque o Livro ate diz a mesma coisa.
Eu podia passar aqui o dia a descrever situacoes em que cientistas afirmam que descobriram algo, que e' aceite pela opiniao publica como facto, e que depois acaba por ser provado que nao e' verdade. Se tentarmos por tudo conciliar a Biblia com cada um destes factos e depois eles vem a ser provados como errados acabamos por fazer mais estrago do que outra coisa. Porque a ciencia nao afirma que esta sempre, intemporalmente certa. Mas nos afirmamos que a Biblia esta SEMPRE, INTEMPORALMENTE certa.
Ha coisas que a ciencia descobre e que nao contradizem a Biblia de maneira nenhuma. Ate apoia. Mas em algo que haja polemica, confio mais na veracidade da Biblia do que na veracidade dos cientistas (especialmente quando muitas vezes nem sabemos o metodo experimental, o conflito de interesses, etc...).
Argumentar que Genesis e' um mito (ver link)e que so cristaos retrogradas e caretas e que ainda acreditam nisso porque nao conhecem nem querem saber de provas cientificas, e' algo que me deixa os nervos a flor da pele, especialmente vindo de alguem que se afirma Cristao (tenho a indicacao que o escritor e um padre). Ha mais provas para o Genesis literal do que as pessoas conhecem. Nao e' preciso andarmos a tentar conciliar a Biblia com as "descobertas" que alguem faz que "provam" a evolucao.
Concordo contigo plenamente em como nos expressamos. Temos de saber do que estamos a falar. Um argumento solido mas expresso de uma maneira cordial faz muito mais servico do que por as maos nos ouvidos e berrar "nao te estou a ouvir", como as criancas fazem quando estao a fazer birra.
Soraia
Concordo e discordo de algumas coisas.
ResponderEliminarAcho que o post não era sobre cordialidade. Como diz o versículo, fala sobre transparência, e acima de tudo, sobre ética.
O mal de Wilberforce naquele debate foi ter fugido à questão (coisa que deve ter feito durante todo o debate, já que pelo comentário de Huxley, parecia ser uma pessoa com poucos conhecimentos científicos) e ainda recorrer ao escárnio para, provavelmente, não deixar transparecer que estava a perder aquele debate. O escárnio é extremamente rasteiro, ao dirigir-se aos ascendentes de Huxley (um comentário da família do insulto "filho da p..." ou agora em voga "manso é a tua tia") Ele comportou-se como um cristão?
Já Huxley manteve o nível (provavelmente, não por ser seguidor de uma ética cristã ou de outro tipo, mas simplesmente porque é facil alguém manter a pose quando se sente a ganhar), e a resposta que faz à provocação são certeiras, cirúrgicas. Parecem as palavras de um profeta.
Sim, também acho que por vezes fazemos gato-sapato da Bíblia com medo da maioria. O Anselmo Borges deve ser o maior exemplo de todos entre os cristãos que têm tempo de antena em Portugal. já o tenho visto e lido algumas vezes, e passa sempre a sensação de que é vira-casacas e medroso. O debate do Carreira das Neves com Saramago é outro bom exemplo disso mesmo.
Mas deixo umas perguntas, ainda assim:
A interpretação da Bíblia é só literal ou relativista? E uma interpretação literária? As figuras dos Salmos devem ser intepretadas factualmente (poesia)? E as do Apocalipse (escatologia)? O texto de Génesis não poderá estar também enquadrado num género literário específico?
Dizes que as tentativas de conciliação da ciência com a Bíblia são feitas a pensar no grande público, mas haverá hipótese de algumas pessoas fazerem-no seriamente, por acharem que o mundo real, verificável, é compatível com a revelação de Deus na Bíblia?
A Bíblia deve divorciar-se dos factos científicos? É que não pode lidar só com os que estão a favor. A quais atribuímos o estatudo de verdadeiros? Os que estão a favor da Bíblia também podem estar errados...
Não achas que a resposta dos cristãos à ciência tem origem muito menos na Bíblia do que na reacção a outros homens? Como se fosse muito mais uma auto-defesa do que uma defesa da fé?
Por fim, também me chateia muito que excluam o relato do Génesis à partida. Isso cheira sempre a medo, e a um cientificismo que dificilmente é inspirado por Deus. Esta atitude é um facto e é triste, e desanima para o futuro, porque já a experimentei de perto em algumas ocasiões.